Ritual secular ganha ação em defesa do meio ambiente

Gerente de Gestão Ambiental, Vanessa Paim dos Santos
Secom/Clodoaldo Ribeiro

O ritual secular da Puxada do Mastro de São Sebastião consiste na derrubada do tronco de uma árvore, uma tradição que une um misto de fé, devoção e sacralidade, e os indígenas de Olivença, litoral sul de Ilhéus, reafirmam seus trocos familiares, refletem sobre a comunidade e repassam a tradição para os mais novos através do mastaréu. Mas, nos últimos anos, o evento ganhou um outro importante olhar: o do sustentabilidade.

Do local onde foi retirado o tronco, agora exposto até o próximo ano na entrada da Igreja de Nossa Senhora das Escadas, mudas são plantadas na mata para garantir a preservação da natureza e a própria tradição do povo Tupinambá. A cada árvore retirada uma vez por ano, 35 mudas são plantadas no entorno da cepa (local do corte). “A vida segue, a tradição continua”, assegura Erivaldo Batista dos Santos, presidente da Associação dos Machadeiros de Olivença.

Replantio - Neste último sábado (20), uma semana depois do ritual que envolve nativos e visitantes, uma ação conjunta da Associação dos Machadeiros, Instituto Floresta Viva e Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável (Seplandes) promoveu o replantio, na Floresta Ipanema, local de onde foi retirado o tronco mais recente. A Seplandes foi representada pela gerente de Gestão Ambiental, Vanessa Paim dos Santos.

“Este ano, entretanto, com uma singularidade: as espécies plantadas foram cuidadosamente escolhidas, respeitando as características do ecossistema da região”, destaca o secretário José Nazal. Foram plantadas 10 espécies de Guanandi (Calophym brasiliense), oito de Pau-Brasil (Caesalpinia echinata), quatro de Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra), quatro de Ipê Amarelo (Tabebuia chrysotricha), duas de Jequitibá rosa (Cariniana legalis), duas de Pati (Syagrus botryophora), duas de Juçara (Euterpe edulis) e uma de Pequi verdadeiro (Caryocar brasiliense), Maçaranduba (Manilkara huberi) e Sapucaia (Lecythis pisonis).

Tradição - A festa da Puxada do Mastro tem origem no século XVI quando padres jesuítas estabelecidos na região em tentativa de catequização dos indígenas se apropriam de manifestação cultural nativa, a corrida de tora para disseminar elementos cristão entre os indígenas aldeados. A história está intimamente relacionada a permanecia e resistência dos indígenas Tupinambá de Olivença, que se utilizaram da festa para a manutenção de traços culturais fundamentais na luta afirmação enquanto povo indígena.